Líder xamânico celebrou conquista dos três estudantes como passo na luta pela preservação da Terra Yanomami, da cultura e língua do povo
Odorico, Modesto e Edinho Yanomami ao lado da professora Iraildes Caldas. (Foto: Junio Matos/ A Crítica)
Iniciando sua fala na língua original de seu povo, os Yanomami, o xamã e líder indígena Davi Kopenawa comemorou a formação de três estudantes da etnia no de mestrado Sociedade e Cultura na Amazônia, mantido pelo curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Os alunos Odorico Xamatari Hayata Yanomami, Edinho Yanomami Yarimina Xamatari e Modesto Yanomami Xamatari Amaroko defendem suas dissertações nesta quarta-feira (23), contando com Kopenawa na banca como arguidor.
O líder indígena afirmou que os Yanomami se preocuparam com o futuro, que se mostrou ruim, o que levou às formações das associações nas terras indígenas. Atualmente são dez no Amazonas e em Roraima.
(Foto: Junio Matos/ A Crítica)
A manutenção da língua Yanomami, inclusive, é o tema de dissertação de Edinho Xamatari. Segundo ele, a escolha se deu pela preocupação com a perda da língua materna, que já foi, em partes, perdida.
O professor Caio Souto, coordenador do Programa de Pós-Graduação de Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA), destacou que, apesar de não haver um dado exato de quantos estudantes Yanomami foram formados pela Ufam, esta é a primeira vez que o programa de mestrado forma três estudantes da etnia.
O reitor da Ufam, Sylvio Puga, destacou ainda que a licitação para a construção do campus de São Gabriel da Cachoeira, “uma obra do governo Lula”, e além disso apontou o avanço na criação de uma universidade indígena com apoio da Ufam. “Vocês que são os verdadeiros protagonistas desse processo”, frisou ele.
Durante o evento, o coordenador-geral de políticas para a Juventude do Ministério da Educação (MEC), Yann Evanovick, relembrou que Davi Kopenawa esteve no ministério para cobrar investimentos para a educação das populações indígenas.
“Nessa luta ele conquistou, e eu aproveito também, para anunciar a liberação de R$ 32 milhões para os territórios étnicos e educacionais Yanomami. Serão investidos no território do Amazonas e do estado de Roraima”, revelou.