Conheça a história de Eduardo Martins, amante de corridas de rua e que disputou, pela primeira vez, a Corrida de São Silvestre na última semana
Eduardo Martins comemorou e se emocionou muito com o feito de correr a sua primeira corrida São Silvestre (Foto: Arquivo Pessoal)
A tradicional Corrida de São Silvestre é uma das mais almejadas pelos corredores de rua pela visibilidade que traz e, com isso, se torna um sonho para gente que sai de várias partes do país para disputá-la no último dia do ano. Dentre os vários sonhos que se realizaram no dia 31 de dezembro, um deles foi o do manauara Eduardo Martins,20, juntamente com a mãe dele, Auxiliadora Ferreira. O jovem tem síndrome de Down e disputou a prova pela primeira vez, um objetivo que começou ainda em 2023.
De acordo com Auxiliadora, Eduardo sempre gostou de praticar esportes e uma das atividades favoritas era correr na Avenida das Torres, que é próximo ao local onde mora, na zona Norte de Manaus. A partir daí, mãe e filho começaram a fazer parte de uma associação, o Jungle Runners (corredores da floresta, em tradução livre do inglês). A equipe decidiu montar um projeto para levar um grupo para disputar a São Silvestre. A partir daí, foram várias ações que incluíram feijoadas, arraial e brechós. Tudo, para arrecadar fundos e levar o grupo composto por 31 pessoas para São Paulo com as despesas pagas.
“Como um grupo eram com pessoas com deficiência e cadeirantes também, a gente sabe que o custo não seria muito pequeno e que a gente precisava de dinheiro pra fazer tudo isso e assim a gente fez e chegamos no nosso objetivo, que era o de levar a delegação para a corrida de São Silvestre”, explicou Lucélia Gomes, presidente do Jungle Runners.
A equipe do Jungle Runners que participou da Corrida de São Silvestre era composta por 11 TPCD'S e o restante eram acompanhantes e apoiadores
Além da arrecadação de recursos, Eduardo também começou a preparação para encarar os 15 quilômetros da prova.
De acordo com Lucélia, Eduardo sempre correu provas de 5 quilômetros, mas o planejamento era para que ele conseguisse completar a prova alternando corrida com caminhada.
“Como a São Silvestre tem 15 quilômetros, a intenção era continuar a prova. O Eduardo faz 5 km e, com isso, o corpo já fica mais, digamos, acostumado para aumentar, mas não exatamente correr os 15, que não foi o que aconteceu com o grupo. A intenção não era correr, era caminhar e correr um pouquinho. Aí todo mundo fez um intensivão, principalmente nos últimos meses que antecederam a prova para estar apto e cada qual foi fazendo durante a semana e nos encontrávamos no domingo. Como não foi só corrida, corrida deu de boas pra conseguir (completar a prova). O Eduardo chega no fim muito de boa. Tem gente que chega acabada, mas o Dudu ficou de boa na chegada”, explicou.
Além de chegar inteiro no fim da prova, Eduardo também chegou muito emocionado por completar os 15 quilômetros e já planeja repetir a dose no ano que vem. “Ele amou, ficou muito emocionado e até chorou. Eu fiquei muito emocionada em ver a felicidade dele. Ele ama correr, a maior felicidade dele é quando tem corrida. Ele já quer até ir no ano que vem (risos)”.
Além de Eduardo, outros corredores com deficiência também participaram e completaram a prova, o que representa um gesto de inclusão através do esporte, o que também significa melhora na qualidade de vida não apenas dos atletas como também das famílias que, ao começar a acompanhar os filhos, também passam a praticar esportes também. E juntando tudo isso, derrubar barreiras e preconceitos.
“Acreditamos na inclusão social através da corrida. Isso é super importante e fundamental porque também traz as famílias para praticar uma atividade física e, na corrida, a gente consegue ver a igualdade trazendo nossos PCDs e ver a convivência como um todo, de maneira que eles interagem com outros corredores, principalmente quem usa cadeira de rodas e isso traz acessibilidade para todo mundo”, disse antes de prosseguir.
“Muitas das famílias saíram do sedentarismo através do filho, que veio praticar, gostaram e os pais treinam pra empurrar seus filhos, derrubando algumas barreiras como a conscientização para as outras pessoas e trazendo inclusão. E é muito importante essa inclusão junto com o esporte e a corrida de rua é uma ferramenta para construir uma sociedade mais justa e acolhedora e sem preconceitos com PCDs e quebrando uma barreira bem grande”, declarou Lucélia.