GRITO POR JUSTIÇA

Familiares das vítimas do acidente entre ônibus e carreta na AM-010 protestam em Rio Preto da Eva

Eles pedem a condenação do motorista suspeito de ter causado a colisão entre os veículos; quatro pessoas morreram e 16 ficaram feridas

Lucas Motta
online@acritica.com
06/01/2025 às 16:09.
Atualizado em 06/01/2025 às 16:12

Manifestantes em Rio Preto da Eva exibem cartazes com exigências de justiça, pedindo a condenação do motorista responsável pela colisão na AM-010, que resultou em quatro mortes e 16 feridos (Foto: Jeiza Russo/A CRÍTICA)

Familiares das vítimas do acidente entre um ônibus e uma carreta na AM-010 protestaram na manhã desta segunda-feira (06), em Rio Preto da Eva. Eles pedem a condenação do motorista suspeito de ter causado a colisão entre os veículos; quatro pessoas morreram e 16 ficaram feridas no dia 20 de dezembro. 

Os 30 manifestantes se concentraram em Manaus e, juntos, seguiram em direção ao município do interior com pedidos de justiça e cartazes, bem como faixas que diziam que a colisão não foi um acidente, mas uma irresponsabilidade. Em Rio Preto da Eva, eles protestaram em dois pontos, ambos no centro: primeiro em frente à 36ª Delegacia Interativa de Polícia Civil (DIP) – que conduz as investigações – e depois em frente ao Fórum de Justiça da cidade. As instituições estavam fechadas e, por esse motivo, não houve atendimento aos manifestantes; contudo, a ação ocorreu de forma pacífica.

Familiares e amigos das vítimas se concentram em frente à 36ª Delegacia de Polícia Civil em Rio Preto da Eva, exigindo esclarecimentos e justiça pelas mortes causadas pelo acidente na AM-010

 Elaine Souza é filha de Joaquim Lemos, um dos sobreviventes. Ela contou que o pai teve uma fratura na região da bacia e não consegue dormir à noite. Com mais de 60 anos, ele teve alta do hospital há quatro dias, mas ainda precisa fazer uma cirurgia que foi adiada por causa do estado debilitado de saúde. Além das sequelas físicas, há também as psicológicas.

“Meu pai se encontra acamado, em uma situação muito emocionada quando ele fala do que aconteceu... é triste essa tragédia; ele não tá conseguindo sentar, se mexer, a gente tem que ficar trocando fralda, ele tá muito ruim”, contou a filha.

Elaine Souza, filha de Joaquim Lemos, um dos sobreviventes do acidente na AM-010, luta por justiça e pelo bem-estar do pai, que ainda se recupera das sequelas físicas e emocionais da tragédia

 Quatro pessoas morreram por causa da colisão entre os veículos na AM-010 no dia 20 de dezembro do ano passado. Entre as vítimas está Manoel Otávio de Almeida, que tinha 65 anos. O filho dele, Hugo Vitor, disse que o pai estava feliz com uma promoção conseguida no trabalho e havia feito planos para comemorar com amigos e familiares. Naquela sexta-feira, Hugo esperava um telefonema do pai para buscá-lo, iriam para um sítio.

O grave acidente terminou com quatro mortos e 16 feridos (Foto: Divulgação)

 “Ele estava tão feliz com a promoção que tinha pegado, tinha planos com os amigos e comigo para a gente ir para o sítio dele e, infelizmente, essa situação veio acontecer; eu estava esperando a ligação dele, ele me ligou às 4h52 da manhã para eu buscar ele em um ponto de encontro... eu só recebi a ligação para dizer que aconteceu esse acidente”, lamentou.

Pedidos de condenação e questionamentos

Hugo, assim como outros manifestantes, afirma que o caso não foi uma simples fatalidade, mas um risco assumido. Ele questiona a falta de exames toxicológicos no condutor da carreta bi-trem envolvida na colisão, Leandro Augusto Lopes. De acordo com o delegado da 36ª DIP, Antônio Rondom, a perícia apontou que o motorista dirigia a mais de 110 km por hora no momento da batida, em uma manhã de chuva.

“Sabemos aqui que culposo é quando um freio de um carro desse quebra, um volante, uma perda de direção. Eu sou motorista de carro pesado, sei que uma via dessa é 110 km por hora, numa chuva a gente tem que andar, no máximo, a 80% [da velocidade] da via. Por que ele estava acima de 110? Ele tinha ciência do que podia acontecer”, disse Hugo.

Quem também pede pela condenação por homicídio doloso é Josué Nascimento, irmão de Jair Nascimento, o motorista do ônibus atingido e uma das vítimas fatais. Ele também acredita que há falta de informações sobre a condição de Leandro no momento da tragédia, questiona se o condutor da carreta estaria alcoolizado e lamenta a perda.

Hugo Vitor, filho de Manoel Otávio de Almeida, lamenta a perda do pai, que estava cheio de planos e felicidade antes do acidente. Ele cobra justiça para que a tragédia não seja tratada como uma fatalidade

“A gente quer saber o andamento [das investigações] e queremos justiça, para não soltar o motorista. Foi um crime bárbaro que vitimou várias pessoas. Deixou mãe sem filho, mulheres viúvas... o meu sobrinho está aqui, está sem pai! Justiça pelo meu irmão”, disse Josué.

 

Josué Nascimento, irmão de Jair Nascimento, vítima fatal do acidente, exige justiça e condenação para o motorista da carreta, buscando respostas sobre o caso que deixou sua família devastada

 Leandro Augusto foi preso em flagrante no dia do acidente. Para os policiais, ele alegou que foi o ônibus que invadiu a faixa na qual ele estava, e que ainda tentou desviar, mas não conseguiu. Ele vai responder por homicídio culposo e lesão corporal culposa de trânsito.

*Contribuiu a repórter Priscila Melo. 

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