Em entrevista à Rádio Rio Mar, arcebispo de Manaus lamenta a morte do pontífice e destaca legado de defesa dos povos tradicionais, da ecologia e da Igreja sinodal
Papa Francisco e Dom Leonardo, no Vaticano (Arquidiocese de Manaus/divulgação)
A morte do Papa Francisco, ocorrida nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, no Vaticano, provocou comoção em diversas partes do mundo — e, em especial, na Amazônia, por onde o pontífice demonstrou profunda afeição durante todo seu pontificado. Em entrevista ao jornalista Bruno Elander, da Rádio Rio Mar, o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, exaltou o legado de Jorge Mario Bergoglio para a região e o descreveu como “o Papa da Amazônia”.
“Papa Francisco sempre que nos encontrava, perguntava: ‘E como vai nossa querida Amazônia?’”, relembrou Steiner. “Durante a pandemia, ele chegou a ligar para saber como estávamos. Um homem profundamente preocupado com as pessoas daqui, com os povos originários, com os pobres, com os mais necessitados.”
O cardeal da Amazônia destacou a importância do Sínodo para a Amazônia, realizado em 2019, como marco da atenção do Papa à floresta e seus povos.
A notícia do falecimento foi confirmada pelo camerlengo da Santa Igreja Romana, cardeal Kevin Farrell. O Papa Francisco faleceu às 7h35 (horário de Roma), na Casa Santa Marta, residência onde morava. Nos últimos meses, o pontífice enfrentava graves problemas de saúde, incluindo uma pneumonia bilateral que o deixou internado por 37 dias entre fevereiro e março. Ele havia feito sua última aparição pública na manhã de domingo, durante a celebração da Páscoa.
Sorriso, humildade e coragem
Na avaliação de Steiner, o sentimento que domina este momento é o da gratidão.
Ele também destacou o trabalho de Francisco em reformas internas da Igreja, enfrentando temas sensíveis como os abusos sexuais e a estrutura econômica do Vaticano. “Ele pensava sempre no bem das pessoas, não importava quem. Era um homem profundamente movido pela compaixão.”
Despedida e futuro
O cardeal da Amazônia explicou que ainda não há informações oficiais sobre os trâmites do funeral ou sobre o local de sepultamento. “O Papa manifestou, ao que tudo indica, desejo de ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, onde tinha grande devoção por Nossa Senhora”, informou Steiner.
Como integrante do Colégio de Cardeais com menos de 80 anos, Steiner participará do conclave que elegerá o novo Papa. Ele evitou projeções sobre o perfil do futuro pontífice, mas reforçou que o importante é “rezar para que Deus nos conceda um novo pastor, comprometido com o Reino e com o povo”.
Ao fim da entrevista, o cardeal pediu aos fiéis que levem adiante o legado deixado por Francisco.