'PAPA DA AMAZÔNIA'

Leonardo Steiner diz que Papa Francisco “levou a Amazônia para o mundo” e deixa legado de esperança

Em entrevista à Rádio Rio Mar, arcebispo de Manaus lamenta a morte do pontífice e destaca legado de defesa dos povos tradicionais, da ecologia e da Igreja sinodal

acritica.com
21/04/2025 às 08:52.
Atualizado em 21/04/2025 às 08:52

Papa Francisco e Dom Leonardo, no Vaticano (Arquidiocese de Manaus/divulgação)

A morte do Papa Francisco, ocorrida nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, no Vaticano, provocou comoção em diversas partes do mundo — e, em especial, na Amazônia, por onde o pontífice demonstrou profunda afeição durante todo seu pontificado. Em entrevista ao jornalista Bruno Elander, da Rádio Rio Mar, o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, exaltou o legado de Jorge Mario Bergoglio para a região e o descreveu como “o Papa da Amazônia”.

“Papa Francisco sempre que nos encontrava, perguntava: ‘E como vai nossa querida Amazônia?’”, relembrou Steiner. “Durante a pandemia, ele chegou a ligar para saber como estávamos. Um homem profundamente preocupado com as pessoas daqui, com os povos originários, com os pobres, com os mais necessitados.”

O cardeal da Amazônia destacou a importância do Sínodo para a Amazônia, realizado em 2019, como marco da atenção do Papa à floresta e seus povos.

“Ele despertou o mundo para a Amazônia. Não apenas como região, mas como casa de culturas, de espiritualidade, de um modo próprio de ser Igreja. Ele era um entusiasta da Igreja sinodal, onde todos participam.”

A notícia do falecimento foi confirmada pelo camerlengo da Santa Igreja Romana, cardeal Kevin Farrell. O Papa Francisco faleceu às 7h35 (horário de Roma), na Casa Santa Marta, residência onde morava. Nos últimos meses, o pontífice enfrentava graves problemas de saúde, incluindo uma pneumonia bilateral que o deixou internado por 37 dias entre fevereiro e março. Ele havia feito sua última aparição pública na manhã de domingo, durante a celebração da Páscoa.

Sorriso, humildade e coragem

Na avaliação de Steiner, o sentimento que domina este momento é o da gratidão.

“Nós tivemos um grande Papa. Um Papa preocupado com os pobres, com a misericórdia de Deus, que desejou que o Evangelho fosse motivo de esperança. Claro que todos sentimos por não termos mais seu sorriso, seu bom humor... Mas somos profundamente gratos a Deus por nos ter dado um Papa que nos ajudou a olhar para frente”.

Ele também destacou o trabalho de Francisco em reformas internas da Igreja, enfrentando temas sensíveis como os abusos sexuais e a estrutura econômica do Vaticano. “Ele pensava sempre no bem das pessoas, não importava quem. Era um homem profundamente movido pela compaixão.”

Despedida e futuro

O cardeal da Amazônia explicou que ainda não há informações oficiais sobre os trâmites do funeral ou sobre o local de sepultamento. “O Papa manifestou, ao que tudo indica, desejo de ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, onde tinha grande devoção por Nossa Senhora”, informou Steiner.

Como integrante do Colégio de Cardeais com menos de 80 anos, Steiner participará do conclave que elegerá o novo Papa. Ele evitou projeções sobre o perfil do futuro pontífice, mas reforçou que o importante é “rezar para que Deus nos conceda um novo pastor, comprometido com o Reino e com o povo”.

Ao fim da entrevista, o cardeal pediu aos fiéis que levem adiante o legado deixado por Francisco.

“Ele nos ajudou muito na caminhada, especialmente aqui na Amazônia. Rezemos por ele, agradeçamos a Deus pelo Papa que tivemos e peçamos por um novo Papa que continue esta missão".
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