Residente em Roma, Adelson Araújo entregou ao pontífice uma imagem de Nossa Senhora da Amazônia durante o Sínodo de 2024; papa morreu nesta segunda (21), aos 88 anos
Durante o Sínodo da Sinodalidade, em outubro de 2024, padre Adelson Araújo entrega ao Papa Francisco a imagem de Nossa Senhora da Amazônia, levada por ele a pedido de uma fiel da paróquia em Manaus (Foto: Reprodução)
A segunda-feira (21) amanheceu com a notícia da morte do Papa Francisco, aos 88 anos, em Roma. Para o padre amazonense Adelson Araújo dos Santos, jesuíta e professor da Pontifícia Universidade Gregoriana, a despedida do pontífice traz à memória um encontro especial ocorrido em outubro do ano passado.
Na ocasião, durante a assembleia do Sínodo da Sinodalidade, em Roma, o sacerdote entregou pessoalmente ao Papa Francisco uma imagem de Nossa Senhora da Amazônia. Com a santa nas mãos, o líder da Igreja Católica abençoou simbolicamente o povo da região amazônica.
A ideia do presente, segundo padre Adelson, surgiu de uma fiel da Paróquia Nossa Senhora da Amazônia, em Manaus. Durante uma missa na qual foi convidado a presidir, a devota pediu que ele entregasse a imagem ao papa, caso tivesse a oportunidade.
O Papa Francisco com a imagem de Nossa Senhora da Amazônia nas mãos
O encontro de outubro de 2024 foi o penúltimo entre padre Adelson e o pontífice. Ele recorda com carinho a simplicidade e o bom humor que marcaram a breve conversa, acompanhada também pelo arcebispo de Manaus, dom Leonardo Steiner.
Francisco, jesuíta como Adelson, fez uma piada com o fato de Steiner ser franciscano — um comentário leve e descontraído, típico do estilo acolhedor do papa. “O ponto alto daquela conversa foi, sem dúvida, ele aceitar meu pedido de abençoar a imagem de Nossa Senhora da Amazônia. Com toda boa vontade, disse que sim e enviou essa bênção”, relatou.
Com tom de respeito e gratidão, padre Adelson afirmou que o maior legado de Papa Francisco foi sua constante preocupação com os problemas do mundo contemporâneo — guerras, fome, desigualdades e crimes contra a humanidade.
Segundo ele, o pontífice buscou fazer com que os cristãos “furassem a bolha” do catolicismo e se abrissem ao diálogo com o mundo. “Porque o próprio Cristo, nosso Senhor, veio, encarnou-se e assumiu a nossa humanidade. E, ao fazer isso, nos trouxe a salvação, que acabamos de celebrar na Páscoa”, afirmou.
Francisco, segundo o jesuíta amazonense, foi um dos maiores símbolos contemporâneos da busca pela paz, pelo respeito às diferenças e pela escuta dos mais diversos segmentos: jovens, famílias, povos da Amazônia. Também destacou seu constante apelo ao cuidado com o meio ambiente e ao equilíbrio entre o homem e a natureza.
“Fez questão de nos convidar a sermos uma Igreja que sabe ser orante, de uma oração que nos leva a discernir, escutar a voz do Espírito Santo e caminhar juntos”, concluiu.