A CRÍTICA foi às ruas de Manaus para perguntar da população sobre Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes
José da Silva Xavier, o Tiradentes, era militar, dentista nas horas vagas e cheio de ideias revolucionárias. (Foto: Paulo Bindá/A CRÍTICA)
Herói, mártir, bode expiatório ou só mais um dia de folga? Nesta segunda-feira (21), o Brasil para suas atividades em mais um feriado em homenagem a um personagem histórico, e quem batiza esse dia é Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
A reportagem de A CRÍTICA foi às ruas de Manaus e em alguns pontos da capital amazonense que carregam o nome desse ícone para saber o que os manauaras lembram (ou acham que lembram) de Tiradentes. E mesmo que a memória falhe, o convite que fazemos nesse dia é: que tal lembrar, conversar e redescobrir um pouco sobre a história do Brasil?
Na Escola Estadual Tiradentes, localizada no bairro Petrópolis, zona Sul de Manaus, o professor de História, Robert de Souza, manauara, de 57 anos, foi abordado pela reportagem, por acaso, e fez questão de mostrar que o herói nacional tem uma história complexa, muitas vezes simplificada nos livros históricos.
Professor de História, Robert de Souza leciona no escola que leva o nome do mártir, Tiradentes. Ele resumiu em poucas palavras a importância de Tiradentes para o Brasil.
Apesar de estar há muito tempo sem estudar, a merendeira Claudete Matilde não se esquivou da pergunta e destacou que Tiradentes foi um revolucionário e que lutou muito pelo Brasil.
Ao visitar o Museu Tiradentes, no Palacete Provincial, no Centro de Manaus, Cinara Alice lembra de Tiradentes como um herói que foi enforcado .
Com algumas pistas, Cinara acabou lembrando da Inconfidência Mineira e refletiu sobre o feriado, comentando ainda o que motivou a sua ida ao museu naquele dia. “Hoje em dia é mais visto como folga mesmo e quase ninguém lembra o motivo... Hoje, quis trazer minha irmã que nunca tinha vindo aqui. A gente aproveitou que estava pelo Centro e decidiu conhecer”, disse a vendedora.
A monitora de turismo Poliana Gonçalves, manauara de 21 anos, afirma que quando ouve falar de Tiradentes, logo se pensa em Inconfidência Mineira, mas houve curiosidades que ela aprendeu só depois que saiu da escola.
“Não sabia que ele é considerado patrono dos militares por isso. Ele foi um dos primeiros a se opor à família real, por isso virou símbolo da Polícia Militar”, disse Poliana.
Ela também refletiu sobre a valorização da história brasileira durante o feriado. “Parece que é só mais um dia de folga. Tem gente que valoriza a história, mas acho que não é tão incentivado. Aqui mesmo no Amazonas, a gente ainda conhece pouco da nossa própria história”, opinou.
O pouco apreço atual pela história brasileira também foi lamentado pelo professor Robert. “Feriado hoje é visto mais como folga. A história é tão importante que os judeus, por exemplo, consideram a deles sagrada. Por que nós, brasileiros, não podemos fazer o mesmo? Até porque, conhecendo a nossa história, a gente passa a ter uma visão ampla de Brasil e de mundo melhor”, destacou
o professor.
José da Silva Xavier, o Tiradentes, era militar, dentista nas horas vagas e cheio de ideias revolucionárias. No fim do século XVIII, ele entrou para a Inconfidência Mineira, uma revolta contra os impostos absurdos cobrados por Portugal. Acontece que tinha um dedo-duro entre eles e o grupo foi delatado antes mesmo de agir. Resultado: a Coroa portuguesa caiu matando em cima dos envolvidos.
E sobrou para quem? Ele mesmo, o Tiradentes, que era o mais pobre, brasileiro nato e sem influência. Muitos deles acabaram perdoados pela coroa, mas Tiradentes foi julgado, condenado, enforcado em 21 de abril de 1792 e ainda teve o corpo esquartejado. Anos depois, com a chegada da República, o Brasil fez as pazes com a memória de Tiradentes e elevou a sua imagem a herói nacional.