Todos os segurados que foram prejudicados pelo esquema criminoso devem ser ressarcidos em cada centavo
(Foto: Agência Brasil)
A sociedade brasileira acompanha perplexa os desdobramentos da operação da Polícia Federal que descobriu uma fraude bilionária no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), que lesava milhões de segurados havia anos. Seguramente, estamos diante do maior escândalo da história do INSS, uma das instituições federais de maior peso na vida de todos os brasileiros.
Por isso mesmo, a reação do governo e da sociedade de modo geral tem que ser proporcional à importância da instituição e ao que ela representa. O governo precisa dar uma resposta forte, não basta demitir gestores e investigar servidores.
Todos os segurados que foram prejudicados pelo esquema criminoso devem ser ressarcidos em cada centavo. A Controladoria-Geral da União (CGU) já determinou a devolução do dinheiro roubado dos contribuintes, embora ainda não se saiba o número exato de afetados e as cifras envolvidas.
Além disso, os responsáveis pela fraude que atravessou dois governos - Jair Bolsonaro e Lula - devem ser identificados, julgados e punidos. Eles precisam ser retirados do serviço público para não mais retornar. O governo federal tem agora a difícil tarefa de resgatar o INSS e fortalecer não apenas sua imagem, mas, principalmente, sua governança, munindo a instituição de mecanismos eficazes de transparência e relacionamento com os segurados, para evitar que casos como esse voltem a acontecer.
É preciso aprofundar-se na questão: como foi possível que bilhões de reais tenham sido roubados dos segurados durante anos sem serem incomodados? Uma organização criminosa atuou livremente no INSS por anos a fio. E isso nos leva a outra questão: outras instituições federais podem estar vivendo a mesma situação.
É correta a atitude da Controladoria-Geral da União (CGU) em suspender de imediato todos os contratos e convênios do INSS. Um pente-fino se faz necessário. E com celeridade, pois as vítimas da fraude devem ser ressarcidas o quanto antes.
Para o governo Lula, é um golpe e tanto: uma quadrilha instalada há anos em um órgão do tamanho do INSS é um prato cheio para os opositores do governo. Mas as querelas políticas não podem dar o tom das providências necessárias para sanear o órgão.